Essa semana ficou marcada por anúncios e movimentos estratégicos que podem redesenhar o mapa da tecnologia no Brasil. Estamos falando de investimentos pesados em infraestrutura digital, incentivos governamentais para atrair gigantes globais, novidades concretas em produtos com inteligência artificial e mudanças nos meios de pagamento — tudo isso atravessado por um cenário energético favorável ao país. Neste post, vou mergulhar fundo nas seis notícias mais relevantes: o data center da Elea para a Petrobras, incentivos públicos, a pesquisa sobre IA generativa, o novo recurso do Google Photos, o Pix Automático da Hotmart e o interesse de mineradoras de criptomoedas no Brasil. Ao final, você vai ter não só uma visão mais clara do que está acontecendo, mas também o entendimento de qual dessas apostas pode realmente transformar o futuro da tecnologia por aqui.
1. Elea Data Centers e o mega contrato com a Petrobras
Quem é a Elea Data Centers
A Elea Data Centers (antes conhecida como Elea Digital) é uma empresa de infraestrutura digital sustentável com presença nacional. A atuação da Elea abrange nove data centers distribuídos em grandes cidades do Brasil, operando com energia 100% renovável.
Eles afirmam cobrir 100% dos mercados Tier 1 e Tier 2 do país, ou seja, oferecer presença ampla para empresas que precisam de latência baixa, presença regional e escalabilidade.
A Elea também foi classificada como “Rising Star” no segmento de colocation no relatório ISG Provider Lens 2024, justamente pela sua estratégia inovadora, crescimento acelerado e foco em sustentabilidade.
Além disso, em Brasília, a Elea já opera o data center BSB2, certificando que ele usa energia renovável e possui 4,5 MW de capacidade de TI para atender tanto entidades públicas quanto privadas. A RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) inclusive optou por hospedar parte de sua infraestrutura de TI no BSB2.
O anúncio do contrato com a Petrobras
O anúncio de que a Elea vai construir um data center de 30 megawatts em São Paulo dedicado à Petrobras, em contrato de 17 anos e avaliado em mais de 2 bilhões de reais, representa uma das apostas mais robustas em termos de parceria público-privada no setor de infraestrutura digital no Brasil.
Esse tipo de contrato exige não só escala logística e técnica, mas também capacidade de garantir eficiência energética, confiabilidade, segurança de dados e continuidade operacional.
Para a Elea, isso fortalece sua posição como parceira estratégica de grandes empresas e governo ao mesmo tempo. Para o Brasil, significa que parte da infraestrutura crítica de setores dependentes de tecnologia pode estar sob controle local — o que tem impactos de soberania digital.
O contexto mais amplo: Rio AI City
Além desse contrato com a Petrobras, a Elea é a empresa por trás de um ambicioso projeto chamado Rio AI City. Dentro desse plano, se pretende construir um campus de data center com capacidade energética de até 3,2 GW, operando com fontes renováveis.
O projeto começa com entregas a partir de 2026, e o foco é criar um ecossistema que integre comunidade, conectividade, inovação e sustentabilidade.
Ou seja: a Elea não quer apenas ser fornecedora de infraestrutura, quer ser protagonista do próximo capítulo da transformação digital no Brasil.
2. Incentivos do governo para atrair data centers
O que está sendo proposto
Para fomentar o crescimento desse setor estratégico, o governo está adotando medidas que incluem:
- isenções fiscais para equipamentos de TI
- definição de marco regulatório para acompanhar e regular a atuação das big techs e infraestrutura digital
- estímulo direto a investimentos em data centers e centros de tecnologia no país
Essas iniciativas visam tornar o Brasil mais competitivo para grandes players globais que buscam instalar capazes instalações de data centers fora de mercados saturados.
Por que isso importa
A construção e operação de data centers têm custos operacionais muito altos, especialmente relacionados à energia elétrica, refrigeração, conectividade e manutenção contínua. Se o governo consegue aliviar parte dessa carga (via incentivos fiscais, subsídios ou regimes especiais), o país se torna muito mais atraente para investidores.
Além disso, definir um marco regulatório claro oferece segurança jurídica — algo essencial para empresas de tecnologia que operam globalmente. Ninguém investe pesado sem saber qual será o ambiente regulatório nos próximos 10, 15 ou 20 anos.
Impacto esperado
Com essas medidas, o Brasil pode captar mais investimentos estrangeiros, fortalecer a presença de data centers no país e reduzir a dependência de infraestruturas externas para serviços críticos. Isso também pode gerar empregos especializados, impulsionar inovação e tornar o país mais resiliente digitalmente.
É uma aposta de que infraestrutura digital de alto nível pode ser um pilar da transformação tecnológica e econômica nacional.
3. Pesquisa: só 5% das empresas brasileiras obtêm retorno claro com IA generativa
Resultado da pesquisa
Uma das notícias que mais chama atenção é justamente o fato de que, apesar do hype todo em torno da inteligência artificial generativa, apenas 5% das empresas no Brasil afirmaram ter conseguido um retorno financeiro evidente com esses projetos.
Isso sinaliza que, embora muitos estejam investindo recursos e fazendo testes com IA, poucos conseguem concretizar valor mensurável e sustentável a partir disso.
Por que isso acontece
Vários fatores dificultam a “travessia” entre piloto e escala produtiva:
- Falta de maturidade de dados: muitos negócios não têm dados organizados, limpos e estruturados para alimentar modelos de IA com qualidade.
- Problemas de governança e talento: faltam pessoas com experiência para treinar, ajustar e operacionalizar modelos generativos.
- Integração com sistemas legados: é comum que as empresas tenham sistemas antigos que são difíceis de conectar às novas soluções de IA.
- Expectativas irreais: muitos querem “milagres” com IA, mas não investem no processo gradual de melhoria e aprendizado contínuo.
- Custo elevado: infraestrutura, licenças, treinamento e manutenção são caros, o que limita a viabilidade para projetos menores ou menos bem capitalizados.
O que esse dado indica
Esse número pequeno serve como um alerta: não basta falar de IA, é preciso estruturar e executar com disciplina. Quem conseguir fazer essa transição bem vai atrair vantagem competitiva.
Também reforça a necessidade de casos de uso claros, métricas bem definidas e planejamento estratégico antes de “jogar IA por todo lado”.
4. Google Photos: transforme fotos em vídeos com IA
O anúncio
O Google lançou um recurso que permite transformar fotos estáticas em vídeos curtos com movimentos sutis, utilizando inteligência artificial. Ou seja: a ideia é animar fotos com efeitos suaves — por exemplo, movimento de câmera, efeitos leves de profundidade ou elementos de transição inteligente.
Esse tipo de recurso facilita bastante a criação de conteúdo visual, especialmente para quem quer engajar em redes sociais, sem depender de edição pesada ou habilidades técnicas.
Relevância
Essa funcionalidade mostra como a IA está chegando no dia a dia das pessoas, não apenas nos bastidores corporativos. Para criadores de conteúdo, é um ganho enorme: permite gerar visual atrativo sem depender de ferramentas complexas ou equipes de edição.
Além disso, reforça a tendência de que recursos “automáticos”, apoiados por IA, serão cada vez mais comuns em apps que usamos no dia a dia — democratizando a criação.
Desafios e cuidado
Claro que nem tudo é perfeito: esses recursos precisam lidar com ruídos, ruídos visuais, inconsistências em imagens antigas ou de baixa qualidade, limitações de modelo e restrições de uso (o modelo de IA pode errar em rostos, expressões, elementos de fundo, etc).
Apesar dos desafios, esse tipo de avanço mostra como a linha entre “foto” e “vídeo” está se tornando mais flexível, graças à IA.
5. Hotmart, EBANX e o Pix Automático
O que é Pix Automático
O Pix Automático é um recurso que permite pagamentos recorrentes automáticos via Pix, sem que o cliente precise autorizar ou confirmar mensalmente. É uma forma de automatizar cobranças periódicas (assinaturas, mensalidades, etc.) usando a infraestrutura Pix nacional.
A Hotmart, em parceria com o EBANX, adotou esse método para tornar mais fluido o pagamento de produtos por assinatura, reduzindo barreiras e fricções na experiência de pagamento.
Vantagens
- Menos abandono: o cliente não precisa ficar lembrando de pagar — reduz taxas de inadimplência e desistência por esquecimento.
- Melhoria na experiência: torna a jornada mais suave, sem exigir ações manuais todo mês.
- Eficiência operacional: diminui custo manual de cobrança, confirmações e retrabalho.
- Confiança no modelo de negócios: empreendedores de assinatura podem prever receita com mais tranquilidade.
Regulamentação e tendências
O Pix Automático está se tornando pauta obrigatória no mercado financeiro. O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central discutem tornar o Pix Automático obrigatório para certas operações de débito interbancário entre empresas.
Se isso avançar, operações recorrentes automáticas via Pix podem se tornar padrão no mercado de pagamentos — impactando diversos modelos de assinatura, SaaS, educação, clubes etc.
6. Brasil no radar de mineradoras de criptomoedas por energia renovável
O contexto
O Brasil tem uma abundância de fontes renováveis de energia, especialmente solar e eólica, que normalmente produzem “excesso” em determinados horários. Isso torna o país interessante para operações de alto consumo energético, como mineração de criptomoedas e data centers especializados em blockchain.
Os projetos emergentes
Já há projetos milionários sendo desenhados para instalar instalações de mineração no Brasil, aproveitando esse diferencial energético. Mineradoras estão de olho no país como alternativa a operações em locais com custos de energia muito maiores.
Além disso, com incentivos de infraestrutura e regulação favorável, o país pode se tornar um polo atrativo para esse tipo de operação.
Riscos e debates
Mineração de criptomoedas é uma atividade controversa por conta do impacto energético, mesmo quando alimentada por renováveis:
- Demanda alta de energia: mesmo que renovável, ainda gera pressão no sistema elétrico, especialmente se mal gerenciada.
- Regulação ambiental: licenciamento, impacto local e uso de recursos hídricos podem ser entraves legais e sociais.
- Reputação e risco regulatório: o setor cripto está sob olhar atento de governos globais — operar legalmente e com transparência será essencial.
- Conflitos de prioridade: energia deve atender população, indústrias, serviços — não pode haver sobrecarga.
Ainda assim, o movimento revela que o Brasil é considerado competitivo no cenário global para atividades intensivas em eletricidade — contanto que tenha estrutura, regulação e governança sólidas.
Integrações, conexões e implicações estratégicas
Agora que revisamos cada notícia com detalhes, vale fazer o link entre elas e enxergar o panorama estratégico que se forma.
Infraestrutura + regulação: as bases da transformação
O anúncio do mega data center da Elea, somado aos incentivos do governo, revela que infraestrutura física e regulação caminham juntas nessa fase de evolução digital. Sem estrutura robusta de data centers, nuvens locais e centros de processamento, dependemos demais de plataformas externas, o que limita controle, latência e soberania.
A ponte entre hype e prática
A estatística de que apenas 5% das empresas obtêm retorno claro com IA generativa destaca uma tensão: há mais expectativa do que resultado hoje.
Por isso, o avanço prático que vemos no Google Photos ou no Pix Automático é relevante — são casos palpáveis onde a IA ou automação trazem valor real ao usuário e ao fluxo financeiro.
Os dois pontos (infraestrutura + aplicações tangíveis) precisam se fortalecer juntos.
Energia renovável como diferencial competitivo
O Brasil tem uma vantagem natural em relação a muitos países: matriz energética renovável com potencial abundante. Se soubermos aproveitar isso, podemos atrair operações de grande consumo — como mineração, data centers hiperescala, IA pesada — que são criticadas em outros mercados por conta de emissões ou custo energético.
Mas isso demanda políticas, planejamento e respeito ao meio ambiente.
Potencial de catalisar ecossistemas locais
Com investimentos robustos em infraestrutura e incentivos, podemos gerar polos regionais de tecnologia. Cidades fora do eixo Rio-São Paulo podem se tornar hubs de inovação, com empregos qualificados, startups, universidades e parcerias.
Projetos como o Rio AI City mostram que não é apenas sobre construir prédios de servidor, mas sobre conectar comunidades, promover pesquisa e gerar inovação local.
Riscos e balizas importantes
- Regulamentação ambígua ou instável pode assustar investidores.
- Infraestrutura que não acompanha escala (rede, fibra, redundância) pode ser gargalo.
- Projetos de IA ou mineração mal calibrados podem virar passivos financeiros ou causar danos sociais/ambientais.
- Governança, segurança e privacidade terão papel central: à medida que dados ficam mais sensíveis, compliance e proteção serão exigências.
Conclusão
A semana trouxe movimentos que, juntos, pintam um novo capítulo para a tecnologia no Brasil. De um lado, temos apostas pesadas em infraestrutura e regulação para tornar o país um destino competitivo no mercado global de data centers. De outro, vemos avanços práticos no uso da inteligência artificial e inovações nos pagamentos que já tocam o cotidiano das pessoas e empresas. E, no pano de fundo, surge a oportunidade estratégica de usar nosso diferencial energético para atrair operações de alto consumo, como mineração de criptomoedas.
Se essas iniciativas forem bem integradas e bem colocadas em prática — com clareza regulatória, governança e planejamento de longo prazo — o Brasil pode ganhar relevância global no setor tech. Mas isso exige mais do que anúncios: exige execução.
E pra você: qual dessas seis notícias – infraestrutura, política pública, IA ou energia + cripto – você acha que precisa de mais atenção pra se tornar impactante de fato? Deixa nos comentários, compartilha esse post e vamos juntos acompanhar esse momento que pode definir o rumo tecnológico do Brasil.
Fontes:
Elea Data Centers e o mega contrato com a Petrobras
Incentivos do governo para atrair data centers
Pesquisa: só 5% das empresas brasileiras obtêm retorno claro com IA generativa
Google Photos: transforme fotos em vídeos com IA
Hotmart, EBANX e o Pix Automático
Brasil no radar de mineradoras de criptomoedas por energia renovável